Pular para o conteúdo principal

A transição entre um livro e outro

 

Nessa semana estava testando um equipamento no trabalho quando recebo uma notificação da Juliana, no Skype (sim, o véio ainda utiliza o Skype – saudades do MSN):

- Tu comprou mais um livro?!

Nos lábios uma risadinha maldosa e inocente:

- Eeeeeeeeeeu?

Era mais uma obra do Júlio Verne. Eu estava lendo “A volta ao mundo em oitenta dias” e me apaixonei pela leitura, aí resolvi comprar mais livros do autor, para ir saboreando em doses homeopáticas.

- Tu já tem vários livros, mais do que tu lê.

Como é que eu vou explicar que cada livro tem o seu tempo certo para leitura? Pelo menos é assim que funciona para mim. É quase como a música: tem horas que tu quer ouvir um bom e velho rock, e noutras, jazz. Raramente eu emendo a leitura de um livro no outro, gosto de dar alguns dias para ruminar aquilo que li, relembrar momentos do livro, às vezes até refletir sobre o que foi dito.

Além disso, quando estou lendo um livro, estou envolvido na leitura e não fico pensando no próximo, mesmo quando o livro já está quase no final. Quando vou escolher um livro para ler, geralmente eu paro em frente a estante e pergunto para eles:

- E aí, o que eu quero ler agora?

Nem sempre tenho a resposta, aí não pego nenhum. Volto no dia seguinte e faço o mesmo questionamento. Tem vezes que demoro alguns dias ou semanas para pegar outro, mas isso faz parte. A leitura tem que ser algo prazeroso, que me faça viajar ou sonhar junto com o autor.

Enquanto escrevo esta postagem, aproveitei para comprar mais livros, para desespero da patroa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aníbal - Carência (1989)

Aníbal foi um cantor que surgiu em 1989 e, aparentemente, lançou somente um disco. Foi um som que marcou minha adolescência e traz lembranças da terrinha (Ijuí/RS), dos amigos. Para quem quiser conferir, pode baixar o arquivo no 4Shared ( clique aqui ).  

Relógios exóticos

Os seres humanos começaram a contar as horas olhando para cima e definindo a posição do sol. Depois vieram as ampulhetas e os relógios de água. A identidade do criador do relógio mecânico é recheada de controvérsia. Para uns veio do Oriente, já que Carlos Magno teria ganho um mecanismo de medição de horas do califa de Bagdá. Para outros, foi um arcebispo de Verona em 800 d.C., e há quem atribua o fato para o Papa Silvestre 2º. O relógio de bolso surgiu em torno de 1.500 e credita-se a invenção do modelo de pulso a Santos Dumont e Louis Cartier (aqui também há gente que discorda do acontecimento). Seja lá quem foi o pai da sensação de estarmos atrasados, o relógio de pulso pode dizer muito da personalidade de quem usa, já que existem os modelos mais esportivos, outros mais clássicos e até mesmo os vintages. E é um campo fértil para os designers e tecnólogos, por isso selecionamos dez relógios totalmente diferenciados e com alguns a leitura de horas pode ser tão complicada quanto enten

Certa noite de chuva - David Coimbra

Chovia muito no último dia em que vi meu pai. Eu estava com oito anos de idade e padecia na cama com 40ºC de febre. Amígdalas. Meus pais tinham se desquitado havia já alguns meses. Eu, meus irmãos e minha mãe morávamos num apartamento de um quarto na Assis Brasil. Ele foi nos visitar e deparou comigo tiritando sob a coberta. Lembro com nitidez daquela noite, dele parado à soleira da porta do quarto, de pé, olhando-me, e minha mãe ao lado, com o papel da receita do médico na mão. Ele tomou a receita e ofereceu-se para ir à farmácia. Deu as costas para o quarto, mergulhou na escuridão do corredor e foi embora. Nunca mais o vi. Logo depois ele se mudou para outro Estado, no Centro-Oeste, e lá construiu o resto da sua vida. Um dia de 2001 alguém me disse: - Teu pai morreu ontem. E eu não sabia o que sentir. Não conto essa história com ressentimento. Porque acho que entendo o que aconteceu com meu pai, naquela noite de chuva. Ao sair do apartamento, ele de fato tencionava comprar o