Cara, nem
lembro como cheguei lá, mas quando dei por mim, estava parado na sala do
apartamento do Humberto Gessinger, tomando chimarrão e batendo papo como se
fosse meu camarada há anos. O apartamento era simples, mas confortável, e meus
olhos vidrados captavam cada detalhe com muita atenção.
Na época
da adolescência, no auge da minha adoração pelos Engenheiros do Hawaii, eu tinha
mil perguntas e montava diálogos na cabeça, tentando imaginar as respostas. E
agora, anos depois daquela fase, eu não tinha mais perguntas, e ele não tinha
mais respostas. Trocamos ideias sobre coisas do dia a dia, e eu compartilhei um
pouco da minha trajetória como fã.
Meu
primeiro show da banda foi lá nos anos 90, em Cruz Alta/RS. Do show em si,
lembro muito pouco, quase nada na verdade. O que realmente marcou foi o retorno
para casa. Após o show, tentamos em vão chegar ao camarim. Resignados, mas satisfeitos,
fomos caminhando até a rodoviária da cidade, onde pegaríamos o primeiro ônibus
para Ijuí pela manhã. E no meio do caminho, o Cícero parou de repente,
apontando o dedo na direção de um trailer de lanches:
- Olha
lá, é o Humberto!
E não é
que era mesmo?! Olhamos com mais atenção, e lá estava o Humberto, o Carlos e
algumas pessoas da equipe. E, claro, como todo fã meio sem noção, fomos lá para
ver o que ia acontecer. Conversamos um pouco, e cada um seguiu seu caminho.
Passamos a noite na rodoviária, relembrando cada detalhe daquele momento mágico
para nós.
Anos
depois, a banda se dissolveu e teve uma nova formação, com Luciano Granja, Adal
Fonseca e Lucio Dorfman. Eu ainda curtia muito a banda, mas já não tinha mais
aquela idolatria de antes. E isso me permitiu aproveitar melhor os shows, as
músicas, e saborear cada momento, até mesmo com acesso aos camarins.
Em um dos
shows, no Araújo Viana, levei um álbum de fotos de outros shows que havia
assistido e mostrei para o Humberto e para a Clara no final do espetáculo.
- Cara,
eu lembro disso, falou o Humberto.
E não sei
por que, naquela hora, olhei as horas no celular: eram 2:52. Fiquei mais alguns
momentos deitado na cama, relembrando o sonho que acabara de ter.
Não sou
mais aquele fã de antigamente, mas ainda ouço bastante os álbuns mais antigos.
Hoje, se encontrasse o Humberto em um shopping ou caminhando despreocupadamente
pela rua, não iria incomodar. Simplesmente contemplaria meu ídolo de infância à
distância, talvez tirasse alguma foto com o celular, e era isso.
Tenho muito
mais histórias de outros shows, mas ficam para outro dia ou outra noite de insônia.
“Deve ser o que chamam túnel do tempo...”
Eu ainda sigo ouvindo Gessinger! Antigas e novas.
ResponderExcluirFlavio
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