Dias atrás concluí a leitura do livro “A casa da esquina”, do Duca Leindecker – um livro gostoso de ler, que revela as nuances de sua infância. Mas antes de iniciar a leitura, teve todo um ritual: o primeiro passo ao pegar um livro é cheirar as páginas e sentir o toque das folhas. Depois olhar a capa e buscar algum sentido naquela imagem. Por fim, ler o resumo na contracapa e as anotações nas orelhas da capa e contracapa.
Iniciei a leitura sem saber ao certo o que me aguardava. Descobri os livros do Duca Leindecker ouvindo um podcast e comprei as três obras “no escuro”. À medida em que as palavras do autor fluíam, inevitavelmente eu fazia um paralelo com as minhas próprias experiências. Devorei as folhas como alguém devora um prato de comida após horas de jejum, cada página virada era uma viagem para outros tempos e lugares, como se fosse uma realidade alternativa, que só os livros podem proporcionar.
Por vezes, as narrativas do Duca se misturavam às minhas histórias e, naqueles momentos, elas ganhavam vida. Lembrei de pessoas que passaram pela minha vida e deixaram um pouco de si, contribuindo de alguma maneira para moldar a pessoa que sou hoje. Quando eu me dava conta, havia avançado algumas páginas sem ter a menor ideia do que havia lido, ou então, se aquelas histórias eram minhas ou do autor.
Lógico que a minha trajetória foi única, assim como a do autor, mas encontrei inúmeras semelhanças com as narrativas do livro. Ler “A casa da esquina” lembrou das várias casas da esquina da minha infância e foi uma oportunidade para refletir sobre minhas experiências, decisões e percepções da minha vivência.
Conclui a leitura há dias e ainda penso no livro. Quando fecho os olhos ou sinto algum cheiro ou gosto daquela época, as vozes da infância começam a ecoar em minha cabeça, de forma involuntária, algo que foge ao meu controle.
O livro voltou para a estante e deixou um sentimento de nostalgia e saudade.
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