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A magia da música

"Chove na tarde fria de Porto Alegre/ Trago sozinho o verde do chimarrão...".

Interessante como certas músicas, aparentemente simples, nos faz viajar na letra e provocam algum tipo de sentimento. Mesmo que as percepções mudem de pessoa para pessoa, sempre tem uma melodia que mexe com os sentimentos e remete a alguma lembrança. Ou saudade. Ou sensação. Talvez nada. Ou tudo? Vai saber.

Já falei sobre o EnnioMorricone em outra circunstância, mas algumas canções mexem muito comigo. Quando estou sozinho no carro, aumento o volume e fico viajando na música (um olho no gato e outro na sardinha J). Talvez seja porque me lembre da infância ou pela riqueza de detalhes e dos efeitos na música, não sei.

O que eu sei é que cresci assistindo em um televisor Telefunken, preto e branco e a válvulas, Clint Eastwood dando seus tiros. Também conhecida como “caixa de abelha”, a TV era uma caixa de um tipo de aglomerado de madeira, que com o tempo ia se esfarelando, tinha três botões na frente, um seletor de canais, onde além de escolher um dos dois ou três canais disponíveis, ainda tinha que ficar procurando a melhor imagem. Mas ainda havia um último ajuste: atrás da TV tinha um botãozinho que servia para parar a imagem. Como vou explicar isso? Às vezes, a imagem ficava correndo na tela, ora para cima ora para baixo e, dependendo da velocidade, apareciam listras. Aí entrava a função do tal botãozinho: fazia parar de correr a imagem. Ah, e quando a gente queria ver um programa tal, tinha que ligar a TV um tempo antes para “esquentar” as válvulas... rs.

E assim tem muitas outras músicas, que são lindas e contagiam por sua simplicidade e são gostosas de ouvir. Outras cativam também pela criatividade do artista. E isso o Wander Wildner tem de sobra. A música Mantra das Possibilidades inicia com ele assoviando e com barulho de água, como se estivesse cantando no chuveiro. Aí tu vais escutando e, meio sem querer, realizando a cena. Show de bola!

“... eu queria morar em Beverly Hills, em uma mansão de um milhão e quinhentos mil, ter limusine, piscina e telefone celular, limpar a bunda com dólar e arrotar caviar...”.

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