Isso aconteceu nas minhas primeiras andanças por Porto Alegre. Vinha eu do Jardim Planalto para o Centro e tinha que descer o mais próximo possível da rodoviária. Ainda não estava familiarizado com os ônibus da Capital, mas tranquilo, basta perguntar para uma viva alma e tudo se resolve:
- Tchê, qual é a parada mais próxima da rodoviária?
- Guri, tu desce na próxima, anda 100 metros, pega a direita, segue toda vida que tu vai dar na rodoviária. Tchêeeeeeeeeeee!
Tá, não dei na rodoviária nem em lugar nenhum, mas cheguei ao meu destino. Mas ainda no ônibus, antes de descer, uma vovozinha, estilo vózinha da chapeuzinho vermelho, segurou meu braço e alertou:
- Cuidado com as libélulas!
- Hã?
- As libélulas meu filho, cuida com elas.
E desci do ônibus, na minha inocência de guri do interior, pensando nisso: “o que ela quis dizer com libélulas”? Dobrei a esquina, andei alguns passos e, num primeiro momento, foi à visão do inferno. Quase dei meia volta. Mas ir pra onde? Precisava chegar logo na rodoviária. Coragem Daniel! E segui a passos largos rumo ao meu destino. Descobri que as tais libélulas eram as prostis e travecos que faziam ponto na rua e, à medida que me aproximava, elas se aproximavam de mim. E eu desviava para o lado e elas também. Desviava mais e elas idem. Uma me pegou pelo braço me convidando para uma “conversa”. Sai capeta! Puxei o braço e caminhei mais rápido. Mais algumas provocações e finalmente avistei a rodoviária. Ufa.
Comprei minha passagem e enquanto esperava meu Citral, comi um saudável cachorro-quente da banca de um tiozinho. E enquanto saboreava aquela iguaria, pensava no tal conselho: “cuidado com as libélulas”. Nunca mais passei naquela rua, descobri outro caminho mais seguro, mas ficou o trauma.
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