“... e tudo ficou tão claro, o que era raro ficou comum
como um dia depois do outro
como um dia, um dia comum...”
HUMBERTO GESSINGER
Há pouco estava eu tomando meu banho e pensando naquilo que escrevi outro dia sobre a diferença das músicas de épocas passadas, mais especificamente, dos idos anos 80. Foi uma viagem no tempo, lembrei de quando era fã dos Engenheiros do Hawaii (de carteirinha e tudo) e uma cena não sai da cabeça, está tão viva que é como se fosse hoje. O ano era 1989 e eu estudava, ou melhor, ia à aula à noite. Bom, estava eu na sala de aula, já devidamente acomodado em minha classe, quando o Jeferson abriu um pouco a porta e me chamou, mostrando algo: “- Humberto, Humberto, olha isso...” (meu apelido era “Humberto”). E o cara estava segurando disco ALÍVIO IMEDIATO, que mal havia sido lançado. Grande coisa, alguém pode estar pensando. Mas para quem é fã não tem como descrever a sensação. Sei lá, é como marcar um gol, aos 45 minutos do segundo tempo, valendo o título. Não sei se fui muito feliz na comparação, mas isso foi uma emoção grande sim. Não preciso lembrar que naquele tempo não havia computador nem internet e tínhamos que esperar pacientemente pelo lançamento dos discos e estes estarem disponíveis nas lojas. Mas aí nem tinha mais como ficar na aula né. Juntamos uma galerinha e fomos para a casa/kitinete do Cezar. Eram duas peças e alguns ficaram na cozinha preparando a janta, outros conversando lá fora e eu e o Jeferson, ouvindo o disco e revezando o encarte.
Encartes |
E era assim que a gente ouvia música naquela época. Me diz uma pessoa que realmente escuta a música que está tocando!? Uma só. Hoje a gente faz mil coisas ao mesmo tempo, com uma música qualquer de fundo e é isso. Alguém se dá o trabalho de pegar o encarte do cd e acompanhar a letra ou simplesmente olhar o que tem dentro? Alguém ainda compra cd? Hehe.
E o cd, algo que foi uma baita revolução, infelizmente tirou parte do romantismo que havia em ouvir música e a Internet... ah esta acabou de vez com isso. Hoje a gente consegue qualquer música, seja lançamento ou não, numa simples busca pelo Google. Na minha época tu esperavas semanas pelo lançamento de um disco e, quando tu conseguias comprar, ficava ouvindo faixa por faixa, olhando o encarte, lendo as letras. E não eram simples encartes, com uma foto ou outra com letras em fonte arial, preta. As capas eram elaboradas, enormes, com fotos, desenhos, símbolos... Só quem já teve um vinil para saber exatamente como era. Mas tinha o inconveniente dos riscos nos bolachões, mas eram meio que inevitáveis, pois, se tu querias ouvir novamente a música, tinha que levantar a agulha com todo cuidado, voltar e largar com mais cuidado ainda (Jorge me perdoa por ter arranhado teu disco do Pink Floyd). Ah, e tinha que virar o disco para ouvir o lado B.
Ahhhhh os discos de vinil (suspiro)...
Como sou uma garota vintage ainda compro cds, deve ser pra ter essa sensasão que tu descreveu quando ouviu o Alívio pela primeira vez...
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